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Onde morar
31 de Março de 2020.

A convergência que está renovando o Centro de São Paulo

Principal centro financeiro do País ao longo de décadas e depois relegado a área degradada e de pouco interesse comercial e imobiliário, o centro de São Paulo vem, nos últimos anos, ganhando uma nova vida e recuperando, de um modo diferente, a aura de região valorizada por pessoas e empresas.

De uma forma distinta dos grandes projetos de revitalização apresentados nas últimas décadas pelo poder público – e que trouxeram poucos resultados -, a atual e bem-vinda onda de modernização tem como protagonistas, além do próprio poder público, o setor privado e a população, num processo que se retroalimenta, atraindo mais investimentos e mais modernidade.

Entre as atrações desse novo Centro, um dos destaques é, sem dúvida, a gastronomia. Restaurantes modernos e cada vez mais prestigiados, como o Bar da Dona Onça, o A Casa do Porco (um dos 50 melhores restaurantes do mundo em 2019, segundo o prestigiado Guia Michellin) e o Esther Rooftop, do chef Olivier Anquier, convivem, na região, com clássicos que não saem de moda, como o Terraço Itália e o Bar Brahma.

 

Renovação contemporânea

A revolução do novo Centro passa, também, pelos bares modernos que foram responsáveis por uma espécie de “segunda onda de modernização” – a primeira foi capitaneada pelo Governo do Estado, que, no início dos anos 2000 transferiu para a região a sede de diversas secretarias. Com os primeiros bares se fixando na área ainda na década passada, a área passou a ganhar uma aura mais “descolada” e, como foi dito, mais moderna. 

Bar do Cofre - Subastor

Entre os destaques nesse segmento, estão, por exemplo, o Bar do Cofre. Localizada no subsolo da antiga sede do Banespa (hoje Farol Santander, que abordaremos mais adiante), onde ficava justamente o cofre da instituição, a casa pertence ao mesmo grupo que comanda os consagrados Astor e Pirajá. Quase “irmão” do Bar do Cofre por suas características, digamos, subterrâneas, o Bar dos Arcos, fica nos subterrâneos do icônico Teatro Municipal, e é comandado pelo empresário Facundo Guerra, famoso por seus inúmeros empreendimentos em bares e baladas da noite paulistana.

Já o Sputnik, como o nome sugere, é inspirado nos bares de países do antigo bloco liderado pela União Soviética e possui um cardápio de 20 rótulos de vodkas e espaço de karaokê. Quem mora em um apartamento no centro de São Paulo tem também a opção de visitar o bar Tokyo. Inaugurado em 2018, oferece, em um prédio da década de 1940, nove andares com atrações como karaokê – clara referência à capital japonesa – e pista de dança.

Outros espaços menos conhecidos (e ainda não tão badalados) mas que, certamente, quem mora em um apartamento no Centro de SP adora, também marcam presença na região. O discreto Bar Fel, especializado em drinks clássicos, que fica no Copan e foi inaugurado – sem muito alarde – no final de 2018, o Void, uma mistura de bar com cultura street próximo da Galeria do Rock e o La Guapa, bar de empanadas da “Master Chef” Paola Carosella são alguns deles.

Mas, para além dos bares, restaurantes e outras atrações bancadas por pequenos e médios empresários, grandes corporações também têm investido na região. O gigante Santander, por exemplo (quinto maior banco do País), depois de mais de uma década da compra do Banespa, decidiu revitalizar o edifício Altino Arantes, um dos mais icônicos de São Paulo e que durante décadas foi sede da então instituição estadual. Inaugurado em 1947 e inspirado no design art décor do americano Empire State, o antigo “Banespão”, como era chamado, recebeu uma boa dose de modernização e foi rebatizado de Farol Santander, um centro de arte e cultura que abriga, em 18 andares, centros de gastronomia (como já mencionamos), pista de skate e exposições de artistas como Tarsila do Amaral.

 

Resgatando a história e o espaço público

Um pouco mais “antigo” foi o investimento na reforma do hotel Ca’d’Oro, primeiro estabelecimento de luxo da cidade, inaugurado originalmente em 1953 e que já hospedou figuras ilustres como o tenor Luciano Pavarotti e o rei Juan Carlos, da Espanha. O hotel foi reaberto em 2016, a um custo estimado de cerca de R$ 300 milhões.

Ligado não a uma instituição específica, mas a um setor inteiro – o comércio -, o Sesc inaugurou, na região, a unidade 24 de março, próxima da Praça da República. O ainda novo espaço oferece, além das atrações culturais de qualidade tradicionalmente associadas ao Sesc (como shows e apresentações teatrais), atividades esportivas e, na cobertura, uma piscina semiolímpica com capacidade para 400 pessoas. O projeto da unidade é assinado pelo premiado arquiteto Paulo Mendes da Rocha.

Reconhecida por organizar a CCXP – maior evento nacional de cultura geek -, a Omelete também deverá, até o final do ano, “fincar sua bandeira” na região. O grupo irá inaugurar, no antigo Cine Ipiranga, a Omelete House, espaço que reunirá games, gastronomia e baladas, entre outras atividades.

Não se pode, por fim, falar de investimentos no Centro sem citar os empreendimentos da Setin. Com apartamentos à venda,  a incorporadora possui 8 empreendimentos residenciais na região – 7 já entregues e outro em fase de lançamento. O primeiro deles foi o Setin Downtown Brigadeiro, inaugurado em 2015.

 

Ciclo de renovação

A cofundadora do A Vida no Centro, Denise Bacoccina, avalia que a região vive, há algum tempo, uma espécie de círculo virtuoso: “num primeiro momento, tivemos a chegada das secretarias de Estado. Mais pessoas trabalhando na região e com empregos bem remunerados geraram demanda por mais e melhores restaurantes. Depois, vieram as cenas de bares e gastronômica. Então, com uma vida noturna mais consolidada e casas reconhecidas pelo público, o setor imobiliário identificou que havia uma demanda por imóveis. Agora, tudo isso está acontecendo ao mesmo tempo.”

Denise lembra que o único ator que faltava nesse cenário era a Prefeitura. E ela chegou com o projeto Triângulo SP, desenvolvido para incentivar o turismo e cujos resultados já são visíveis, por exemplo, com o Festival do Café, envolvendo as inúmeras cafeterias da região e que, este ano, deverá ter sua segunda edição e com as ações de natal que atraíram milhares de pessoas para o Centro no final do ano passado. “O fato é que todas as pontas da cadeia estão andando”, resume Denise.

“Mais pessoas trabalhando na região e com empregos bem remunerados geraram demanda por mais e melhores restaurantes. Depois, vieram as cenas de bares e gastronômica. Então, com uma vida noturna mais consolidada e casas reconhecidas pelo público, o setor imobiliário identificou que havia uma demanda por imóveis. Agora, tudo isso está acontecendo ao mesmo tempo.”

Mas talvez o maior projeto da Prefeitura na região seja a modernização do Vale do Anhangabaú. A área sob o Viaduto do Chá está sendo reformada e deverá receber cafés e floriculturas. O investimento previsto é de R$ 80 milhões e a manutenção deverá ser feita pela iniciativa privada.

projeto vale anhangabau

Segundo a secretaria de Gestão Urbana, responsável pelas obras, “o projeto de reurbanização do Vale do Anhangabaú busca a construção de um conceito que permita transformar a região em uma área animada, segura e atraente”.

Mais do que um projeto tocado unicamente pelo setor público, a revitalização, hoje, é uma ação conjunta de governo, pessoas e setor privado. Por isso, os resultados são visíveis e a modernização do Centro é, de fato, uma realidade.