Design biofílico estimula contato com a natureza mesmo em ambientes pequenos
Você já ouviu falar de design biofílico? Esse é um conceito que, embora pouco conhecido do grande público, vem ganhando espaço em diversos projetos e na preferência de quem busca um pouco mais de harmonia com a natureza na vida cotidiana. O conceito remete, basicamente, a uma busca, ainda que no ambiente de um apartamento, por uma maior proximidade da natureza, tendo em vista que a vida nas cidades é algo relativamente recente do ponto de vista da evolução humana.
Uma boa referência no tema é o paper 14 Patternes of Biophilic Design (14 Padrões do Design Biofílico), disponível no site da consultoria americana Terrapin, especializada em Sustentabilidade. Entre os principais benefícios da adoção dos princípios da biofilia estão a redução do stress, melhoria na criatividade, na saúde e na qualidade de vida.
Um bom design biofílico deve considerar fatores como as condições de saúde e os níveis de stress das pessoas, suas experiências de vida e referências socioculturais para, a partir deles, criar espaços que sejam inspiracionais, integradores e funcionais.
Mas, afinal, quais são esses princípios e como aplicá-los na prática? Ao todo, como foi mencionado, são 14 princípios:
(1) Conexão visual com a natureza, (2) Conexão não-visual com a natureza, (3) Estímulos sensoriais não-rítmicos, (4) Variação térmica e de fluxo de ar, (5) Presença de água, (6) Iluminação dinâmica e difusa, (7) Conexão com sistemas naturais, (8) Padrões e formas biomórficos, (9) Conexão material com a natureza, (10) Complexidade e ordem, (11) Perspectiva, (12) Refúgio/proteção, (13) Mistério, (14) Risco.
De forma geral, como se percebe, a ideia é trazer para o dia a dia aspectos ligados a uma conexão com a natureza que sempre marcou a evolução humana, seja por meio de aspectos visuais, sonoros ou mesmo de organização do ambiente – já que a natureza, em si, é marcada por uma organização dentro de sua complexidade.
Do ponto de vista prático, na decoração e arquitetura, alguns elementos se destacam:
Madeira e pedras
São um aspecto-chave do design biofílico. A ideia, aqui, é usá-las em bancadas, móveis com aspecto rústico (no caso da madeira), pisos e paredes. Sempre é bom lembrar a importância de usar madeira certificada. Usadas em revestimentos, tanto as pedras como a madeira proporcionam conforto térmico e acústico. Pesa, ainda, a questão do contato tátil com a natureza – ao andar descalço pela casa, por exemplo.
Iluminação e ventilação
Mesmo em apartamentos em SP já prontos, é possível trabalhar com esses dois elementos. Isso pode ser feito, por exemplo, ampliando o espaço por meio da remoção de paredes (desde que não estruturais) e portas internas e do uso de cortinas e persianas que permitam um maior controle da ventilação e, sobretudo, da luz. O uso da iluminação natural, é sempre bom destacar, pode contribuir com a redução dos gastos com energia. O mesmo ocorre no caso da ventilação, que pode poupar gastos com ar-condicionado, facilitando o conforto térmico e reduzindo o risco de doenças respiratórias.
Verde
Manter um espaço verde, mesmo nos apartamentos studio mais econômicos, pode ser uma forma de além de melhorar visualmente o espaço, traz contato com a natureza e consequentemente melhora a qualidade do ar. Entre as espécies que podem ajudar a filtrar a poluição estão os crisântemos, fícus, lírios da paz, samambaias, clorofitos, jiboias e a famosa espada de São Jorge. Entre as que perfumam o ambiente (estimulando o contato com a natureza por meio do olfato) estão o jasmim, o alecrim, o manjericão, a lavanda e outras.
Água
Outro elemento fundamental no conceito de biofilia e um dos que mais remetem ao contato com a natureza. Para aqueles que não possuem a facilidade de ter uma piscina em casa ou no condomínio, uma boa opção pode ser um aquário ou mesmo uma pequena fonte portátil – incorporados, evidentemente, ao estilo arquitetônico do imóvel. Para além da questão visual, o aspecto do som da água ajuda a aliviar o estresse.
Formas
A ideia é, na medida do possível, abdicar dos ângulos retos característicos da construção civil tradicional para adotar formas mais leves e sinuosas, imitando o padrão mais predominante nos ambientes naturais – as chamadas formas orgânicas. Essa ideia dialoga com diversos princípios biofílicos mencionados anteriormente.
Em um cenário em que o isolamento social acelerou mudanças que já vinham ocorrendo na sociedade (tais como a adoção do home office) e valorizou o ficar em casa, a adoção de elementos que estimulem os sentidos no contato com a natureza ganhou uma relevância nunca antes vista. Nesse sentido, a adoção do design biofílico pode ser uma ótima pedida.