No panorama econômico, existem uma série de indicadores que norteiam preços de serviços e produtos e medem a situação financeira de um país. Aqui no Brasil, o mais importante deles é a taxa Selic.

A Selic é tão relevante que serve como base para o cálculo de uma quantidade significativa de outras taxas. Seu valor funciona como um termômetro para analisar a situação de muitos mercados, inclusive o imobiliário.

Neste artigo, apresentaremos de maneira mais abrangente a taxa Selic, explicaremos como ela é calculada, de que forma pode impactar os valores de venda e locação de imóveis, e daremos dicas de como aproveitar o momento, independentemente da Selic, para fazer bons negócios. Vamos lá!

O que é a Taxa Selic e como ela funciona?

A taxa Selic é a taxa básica de juros e é considerada a principal da economia brasileira. Seu valor é calculado pelo Copom, o Comitê de Política Monetária do Banco Central, com periodicidade de 45 dias.

A sigla Selic refere-se à taxa de juros dos títulos públicos federais negociados no Sistema Especial de Liquidação e Custódia, um programa do Banco Central do Brasil. Seu valor se baseia nas opções de compra e venda desses títulos, realizadas por instituições financeiras.

A Selic é considerada pelos economistas e pelo mercado financeiro uma espécie de referência para todas as outras taxas de juros. Ela influencia diretamente as taxas de empréstimos, financiamentos, aplicações financeiras, custo do dinheiro no mercado interbancário e rendimento dos investimentos de renda fixa.

Ela também é responsável por controlar a inflação e exerce forte impacto diretamente no bolso da população, já que afeta os títulos do Tesouro Selic e os investimentos indexados pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPCA).

Qual o impacto da Selic no mercado imobiliário?

O ano-base da Selic tem 252 dias úteis, e assim ela é expressa. Todos os dias de divulgação da Selic, às 20h, o Banco Central fornece o valor do índice. Com base nisso, o mercado financeiro baliza seus valores, como veremos abaixo:

Como a Selic afeta o financiamento de imóveis

Como percebemos, a Selic é a norteadora de muitos produtos do mercado financeiro, e, consequentemente, o setor imobiliário é diretamente afetado por suas flutuações.

Taxas de juros e custo do crédito

Uma das principais referências usadas pelas instituições financeiras para determinar os juros dos financiamentos imobiliários é a Selic. Assim, quando o percentual da taxa sobe, os juros dos financiamentos aumentam, tornando o crédito e as parcelas mais caras.

Influência no perfil do comprador

Como a taxa Selic influencia diretamente o aumento ou a redução dos juros do financiamento imobiliário, o perfil dos compradores de imóveis pode sofrer alterações.

No período de baixa, quem precisa de financiamento se beneficia. Já em casos de alta, somente aqueles que possuem recursos para quitar o imóvel à vista tendem a investir nesse mercado.

Efeitos da Selic na rentabilidade de imóveis para locação

E é claro que essa super poderosa taxa também incide sobre os valores de locação de imóveis, o que pode impactar bastante o mercado imobiliário, como vai ser possível notar nos próximos tópicos:

Relação entre Selic e retorno mensal de aluguel

Assim como acontece com os valores dos financiamentos, a Selic interfere nos valores dos aluguéis. Mas, nesse caso, a taxa Selic interfere de uma forma diferente. Quando a Selic está em baixa, a demanda acaba por valorizar os imóveis.

Em períodos de alta, os valores levam à redução da procura, o que resulta na estabilização dos valores e na redução nos preços dos aluguéis.

Taxa Selic e investimentos imobiliários

Não é só no mercado de compra, venda e locação dos imóveis que a taxa Selic exerce sua influência. Os FIIs (Fundos de Investimento Imobiliário)  também são impactados pelas suas variações. Vejamos:

Impacto em fundos imobiliários (FIIs)

Com o aumento da taxa Selic, há o aumento do retorno dos investimentos em renda fixa, o que acaba muitas vezes estimulando os investidores dos fundos imobiliários a vender suas cotas para investir nesse tipo de fundo.

E ainda é preciso ressaltar que, como o aumento da Selic influencia o valor dos aluguéis, os fundos imobiliários que distribuem seus rendimentos para os investidores em função das locações dos espaços construídos podem não representar a melhor opção.

Rendimento em períodos de alta e baixa

Para quem já possui os FIIs e não depende dessa renda para se manter, é ideal esperar que suas cotas estejam em período de alta para se desfazer delas e aumentar sua lucratividade.

Mas, para quem pretende investir em fundos imobiliários, os períodos de baixa são a melhor época para adquiri-los, já que a taxa Selic costuma oscilar, e, em algum momento, a renda obtida através dos fundos pode voltar a crescer.

Imóveis físicos: comprar ou esperar

Essa pergunta é relativa, uma vez que quem realmente precisa de um imóvel para morar vai comprá-lo, independentemente do período de alta ou baixa da taxa Selic. Mas, se a intenção é investir, a situação se transforma.

Acompanhar as mudanças no mercado imobiliário é fundamental para saber quais são os melhores momentos para investir na compra de um imóvel. E, como a Selic é o principal norteador dos preços, as épocas de baixa sempre são melhores. Se puder aguardar pela baixa dos preços, tanto melhor.

Estratégias para investidores em diferentes cenários

Para quem quer investir em fundos imobiliários, a dica é ter cotas dos dois tipos: os fundos de tijolos e os fundos de papel. O ideal para aproveitar os momentos de alta ou baixa da Selic é diversificar seu investimento, uma vez que cada um dos fundos se comporta de forma diferente, dependendo do cenário.

Comparativos e projeções

Taxa Selic histórica e o mercado imobiliário

Entre 2016 e 2020, por exemplo, a Selic caiu de 14,25% para 2% ao ano, o que resultou em um grande estímulo ao mercado imobiliário. Com financiamentos mais acessíveis, muitas pessoas saíram do aluguel e compraram imóveis, aquecendo o setor.

Projeções de especialistas para os próximos anos

De acordo com estimativas reportadas pelo InfoMoney, a taxa Selic pode alcançar entre 14,25% e 15,75% em 2025, dependendo das condições econômicas no país. Apesar das variações entre as projeções, especialistas apontam para uma tendência de alta significativa, que pode impactar diversos setores do mercado.