10 restaurantes e prédios históricos com mais de 100 anos no Centro de São Paulo
Nos últimos anos, o Centro de São Paulo vem renascendo e ganhando uma cara mais contemporânea, com restaurantes e espaços de lazer que atraem gente de todos os cantos da cidade — dois exemplos desse novo momento são os badalados Esther Rooftop, do chefe Olivier Anquier e A Casa do Porco, indicada pelo Guia Michelin. Mas, para quem busca história e tradição gastronômica, a região continua sendo, com o perdão do trocadilho, um prato cheio, tanto para os moradores dos apartamentos no Centro de São Paulo quanto para os turistas. Neste post, mostraremos 10 prédios históricos e restaurantes com mais de 100 anos.
Comecemos pela padaria Santa Tereza. Inaugurada em 1872, ela ostenta o título de mais antiga “padoca” do Brasil. A casa fica na Praça João Mendes, num tradicionalíssimo sobrado atrás da Praça da Sé. Na época da inauguração, a cidade ainda contava com escravos, que circulavam pela região — a abolição, vale lembrar, foi 16 anos depois, em 1888. O destaque é a coxa creme, oferecida no menu desde a inauguração.
Também da época da escravidão, mas fundada exatamente no ano da abolição, a Casa Godinho foi declarada patrimônio cultural imaterial da cidade. Fundada pelo imigrante português José Maria Godinho, também ficava na Praça da Sé, mas, desde 1924 ocupa um prédio na rua Libero Badaró. Figuras ilustres como Assis Chateubriant, Adhemar de Barros e Jânio Quadros, já frequentaram a casa, famosa, sobretudo, por sua premiadíssima empada.
Já o Café Girondino, endereço bastante conhecido do largo de São Bento, não é exatamente o mesmo estabelecimento original, inaugurado em 1875 na mesma Praça da Sé em que nasceram a Casa Godinho e a Santa Tereza. Mas o charmoso e bem frequentado café guarda ainda uma boa dose do estilo clássico do final do século XIX, com uma vista para a igreja de São Bento e um menu que reúne do óbvio café a um chopp tirado na hora e diversas opções de almoço.
No Largo do Paissandu fica a primeira e centenária unidade do Rei do Filet, que possui uma filial na Alameda Santos. Fundada ali mesmo, no Largo do Paissandu, em 1914, a casa durante muito tempo foi conhecida como Filet do Moraes, referência a um dos mais famosos chapeiros. O carro chefe, claro, é o filet. São 16 opções.
O Ponto Chic não é exatamente um centenário, mas está quase lá. A casa foi inaugurada em 1922, também no largo do Paissandu e guarda histórias tão saborosas quanto as atrações de seu cardápio. A mais famosa é, evidentemente, a da criação do sanduíche Bauru, inventado por Casimiro Pinto Neto, um frequentador da casa natural da cidade do interior e, que, na época, estudava na também central faculdade de Direito do Largo de São Francisco. Outra curiosidade da casa: seu fundador era um diretor do Palestra Itália, hoje Sociedade Esportiva Palmeiras. Além do bauru, são destaques no menu, a fritada (que leva ovos e presunto) e o rococó, outro sanduíche.
Já um passeio pelos prédios centenários e não-gastronômicos do Centro deve começar pelo mais histórico dos prédios da cidade, o Pateo do Colégio, endereço onde a cidade foi fundada e que guarda, preservada, uma pequena ruína da parede original, de 1585, construída pelos jesuítas em taipa de pilão. O espaço, que conta com um museu, é um verdadeiro oásis de tranquilidade e contemplação em meio ao agito da vizinha rua 25 de março.
Vizinho do Pateo do Colégio, outro prédio preserva boa parte da história brasileira: o Solar da Marquesa de Santos. O espaço teria sido construído entre 1739 e 1754 e abrigou, de 1834 a 1837, dona Domitila de Castro Canto e Melo, a Marquesa de Santos, amante de Dom Pedro I. Durante esse período, o prédio foi palco de diversas festas da aristocracia paulistana. Hoje, abriga o museu da Cidade de São Paulo.
Verdadeira joia arquitetônica do Centro de São Paulo, o Theatro Municipal foi um projeto do famoso arquiteto Ramos de Azevedo e, para além de sua esplêndida fachada em estilo renascentista, abriga um interior com bustos, afrescos, mármores e outros detalhes. O Theatro (escrito assim mesmo, com h) possui uma intensa programação cultural, além de cafés e do Bar dos Arcos, em seu subsolo e que funciona para happy hour.
Outra visita obrigatória, a Pinacoteca do Estado é considerada o museu de arte mais antigo do País, tendo sido fundada em 1905 com apenas 26 obras. O espaço abriga, hoje, mais de 11 mil peças em seu acervo, que conta com preciosidades como pinturas de Candido Portinari, Anita Malfatti e Tarsila do Amaral. O passeio convida, ainda, a uma visita ao Jardim da Luz, que fica no mesmo espaço e que costuma oferecer momentos de tranquilidade em meio ao movimento da vizinha Avenida Tiradentes.
Bastante próxima à Pinacoteca está a Estação da Luz, um verdadeiro marco da modernização de São Paulo no início do século XX. Inaugurada em 1901 e inspirada no estilo Vitoriano britânico — a estrutura ferroviária do Estado naquele período foi toda projetada e financiada por ingleses. Não por acaso, o relógio da icônica torre da estação remete ao famosíssimo Big Ben londrino. Vizinhos da estação ficam a Sala São Paulo, principal palco da música clássica em São Paulo e o Museu da Língua Portuguesa, destruído por um incêndio em 2015 e que, segundo informações oficiais, pode ser reinaugurado ainda em 2020.