O trânsito nas grandes cidades se torna mais pesado a cada ano, e os órgãos responsáveis pela mobilidade urbana estão sempre em busca de novas medidas para aliviar essa situação. Uma delas é a infraestrutura cicloviária, que já é uma realidade em muitos centros urbanos.
Para quem precisa se deslocar diariamente quanto mais opções de transporte, melhor. E ter uma alternativa como a bicicleta, que depende exclusivamente do esforço do ciclista, pode ser a melhor solução para conseguir fugir dos congestionamentos.
Para que as bicicletas sejam, cada vez mais, uma opção viável e segura de transporte, a infraestrutura cicloviária precisa ser bem planejada e eficiente. Neste artigo, vamos explicar o que é a infraestrutura cicloviária e que transformações ela pode proporcionar às cidades e aos cidadãos.
O que é uma infraestrutura cicloviária?
A infraestrutura cicloviária de uma cidade é um conjunto de iniciativas que permitem a circulação segura de bicicletas e outros ciclos não motorizados. Essa estrutura é composta por ciclovias, ciclofaixas, rodociclovias e estacionamentos para bicicletas.
Essa infraestrutura é de extrema importância, pois é por meio dela que o uso de bicicletas é viabilizado e incentivado — algo essencial nas grandes metrópoles, onde o número de veículos compromete a mobilidade urbana.
Com ela, é possível planejar e executar uma rede que promova o uso da bicicleta como meio de transporte. Para isso, são necessárias ações como garantir a segurança viária, mensurar a demanda de ciclistas, disponibilizar locais para estacionamento e promover campanhas de incentivo ao uso da bike.
Qual a diferença entre ciclovia e ciclofaixa?
Apesar de ambas serem destinadas ao uso por bicicletas e outros ciclos, há diferenças entre elas.
A ciclovia é uma faixa separada fisicamente do tráfego de veículos, geralmente delimitada por uma barreira ou elevação, o que evita a invasão por carros ou motos. Ela costuma ser bidirecional, oferecendo mais segurança aos ciclistas, e é comum em parques, áreas de lazer, e, cada vez mais, em vias urbanas.
Já a ciclofaixa é marcada no próprio leito da via, ao lado da calçada ou do canteiro central, delimitada por sinalização específica, como tachões. Pode ser unidirecional ou bidirecional, tem menor custo de implantação e é mais frequente em ruas com tráfego moderado.
Mesmo com essas diferenças, ambas são fundamentais para promover a mobilidade urbana sustentável, sendo estudadas e incentivadas como forma de reduzir o uso de carros nas grandes cidades.
Expansão da infraestrutura cicloviária em São Paulo
O Brasil já reconhece que uma das soluções mais eficazes para melhorar a mobilidade urbana, reduzir a emissão de poluentes e aumentar a qualidade de vida é o investimento em ciclovias e no incentivo ao uso da bicicleta.
São Paulo é a cidade com a maior infraestrutura cicloviária do país e também uma das que mais promovem o uso de bicicletas como meio de transporte.
Histórico e desenvolvimento recente
Desde março de 2022, a Prefeitura de São Paulo firmou um contrato que previa a construção de cerca de 50 km de novas ciclovias. A longo prazo, a meta é alcançar uma infraestrutura cicloviária com até 1.800 km de extensão, atendendo a um número cada vez maior de ciclistas.
Com essa expansão, a cidade poderá receber cerca de 50% a mais de ciclistas com segurança, além de integrar as ciclovias e ciclofaixas ao transporte público. Isso estimula o uso combinado de bicicleta e metrô ou ônibus, reduzindo o número de veículos nas ruas e contribuindo com a mobilidade urbana sustentável.
Dados atuais
Segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego, São Paulo conta com mais de 760 km de infraestrutura cicloviária, entre ciclovias, ciclofaixas e ciclorrotas — com predominância das duas primeiras.
Quais são as ciclovias em São Paulo mais movimentadas?
Entre os trechos mais movimentados das ciclovias em São Paulo está a da Avenida Paulista, também chamada de Canteiro Central. Com 2,7 km de extensão, foi inaugurada em 2015 e conecta a Praça Oswaldo Cruz à Avenida Angélica.
Outro trecho de destaque é a ciclovia do Rio Pinheiros, com 21,5 km de extensão, localizada na margem leste do rio. Inaugurada em 2010, é a maior da cidade e é administrada pela iniciativa privada.
Como funciona a integração entre metrô e ciclovia em São Paulo?
Em São Paulo, é possível transportar bicicletas no Metrô, desde que sejam respeitadas as regras de uso e os horários permitidos.
Nos dias úteis, o transporte de bicicletas é permitido das 10h às 16h e das 21h até o encerramento da operação. Aos sábados, domingos e feriados, o uso é permitido das 4h40 à meia-noite. Apenas quatro bicicletas são aceitas por vagão, sempre no último da composição.
Além disso, o Metrô disponibiliza paraciclos em mais de 35 estações para a guarda gratuita de bicicletas. Para utilizá-los, é necessário prender a bike com cadeado fornecido pelo próprio usuário.
Como a infraestrutura cicloviária está transformando bairros de São Paulo?
A infraestrutura cicloviária funciona como um sistema circulatório para a cidade, promovendo um fluxo mais leve e saudável, especialmente quando conecta diferentes bairros.
Ao separar o fluxo de bicicletas do tráfego de veículos, a cidade garante mais segurança para todos. Com isso, mais pessoas se sentem motivadas a adotar a bicicleta como meio principal de locomoção.
Essa transformação ajuda a aliviar o trânsito, reduz a emissão de poluentes e melhora a qualidade do ar — beneficiando diretamente a saúde da população.
Melhoria na qualidade de vida
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), pessoas que pedalam com frequência têm cerca de 50% menos chances de desenvolver doenças cardiovasculares. Além disso, o uso da bicicleta contribui para a redução do estresse, da ansiedade e de problemas causados pelo sedentarismo.
Valorização imobiliária
No mercado imobiliário, já existe uma demanda crescente por imóveis localizados em regiões com boa infraestrutura cicloviária. Bairros com acesso a ciclovias e ciclofaixas tendem a ser mais valorizados, tanto por questões de mobilidade quanto de segurança — já que o risco de acidentes é menor nessas áreas.
Desenvolvimento do comércio local
A infraestrutura cicloviária também estimula a economia local, ao gerar maior circulação de pessoas nas ruas. Lojas, mercados, farmácias, academias e outros estabelecimentos que oferecem estacionamento para bicicletas atraem mais clientes.
Os ciclistas, por sua vez, tendem a consumir mais em comércios ao longo das ciclovias, já que evitam fazer grandes desvios ou trafegar em vias sem segurança adequada.